sexta-feira, janeiro 30, 2009

O ouro e o tsunami de papel

Contrariamente ao petróleo, o preço do ouro tem estado a subir consistentemente nos últimos meses. Nos últimos dias, esta subida tem sido pronunciada. O ouro é um refúgio para investidores que queiram congelar o poder aquisitivo das suas poupanças, resguardando-as quer da inflação monetária quer da volatilidade bolsista. Isto acontece porque o valor real do ouro é relativamente estável no longo prazo, sendo a subida do seu valor expresso nas moedas fiduciárias correntes geralmente expressão da depreciação absoluta daquelas, isto é, da sua perda de poder aquisitivo.

Ora, o crescimento acentuado da emissão monetária do último ano (nomeadamente pela Reserva Federal norte-americana e pelo Banco Central Europeu), que suportou os inúmeros “bailouts” de um e outro lado do Atlântico, terá consequências inevitáveis no poder aquisitivo do dólar norte-americano e do euro. Outra forma de dizer isto é dizer que os índices de preços ao consumidor expressos nestas moedas, por mais engenharia estatística que se faça com o cabaz de bens que serve para os calcular, vão ressentir-se mais tarde ou mais cedo, acusando uma subida generalizada e acentuada dos preços de todos os bens. As preocupações recentes com a deflação – aparente no comportamento estranho e insustentável do preço do petróleo no último semestre – vai ser, assim, com toda a probabilidade, substituída com grande rapidez por uma acentuada inflação. Neste recuo do preço do petróleo e na retracção estatística muito recente dos índices de preços ao consumidor podemos estar a ver o recuo que nos tsunamis antecede a grande vaga destruidora. Esta deflação aparente e momentânea é um efeito necessário à formação da grande reacção inflacionista aos desmandos da política monetária dos últimos dez ou quinze anos, aceleradíssimos no último ano.

O crédito fácil que levou à presente crise financeira pedia liquidações, mas a política monetária recente quis evitá-las artificialmente, acelerando os erros responsáveis pela crise e inundando o sistema bancário de mais dinheiro que os políticos queriam ver nas empresas e nas ruas. O valor desse dinheiro vinha decaindo claramente nos últimos cinco anos, como o preço do ouro denunciava e a nossa intuição de consumidores desconfiava. Os biliões e triliões que entretanto foram acrescentados à bolha monetária – e o comportamento do ouro – dão-nos a infeliz certeza de que está quase a chegar a onda inflacionista. Se esta se tornar uma hiper-inflação não seria para admirar.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Portugal continental em 1808


Carta militar das principaes estradas de Portugal [Material cartográfico / grv. Romão Eloy de Almeida. - Escala [ca 1:470000]. - [Lisboa : s.n., 1808]. - 1 carta em 2 f. : p&b ; 72x135 cm cada f http://purl.pt/6302. - O exemplar com a cota C.C. 1226 R. encontra-se seccionado em quadrados e colado em tela. CDU 656.11(469)(084.3) 912"18"(084.3) 914.69(084.3) [Biblioteca Nacional]. Via Lagos Militar.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

O "bailout" em perspectiva histórica

No Inflation Data, um artigo muito interessante que compara os recentes bailouts ("borlas") do governo federal norte-americano com os grandes gastos públicos de toda a história da União (The Real Cost of the 2008 Bailout - Hyperinflation, por Olivier Garrett). Excertos:

«Three months before the recession was officially declared, Paulson and Bernanke have embarked on the largest bailout program ever conceived with the blessing of a lame-duck president and a complicit Congress - a program which so far will cost taxpayers $8.5 trillion. This staggering sum encompasses: loans backed by worthless assets ($2.3T), equity investments in bankrupt companies with negative net worth ($3.0T), and guarantees on crumbling derivatives and other hollow collateral ($3.2T).

[...]




As illustrated above, you can see that in today’s dollars, we have already committed to spending levels that surpass the cumulative cost of all of the major wars and government initiatives since the American Revolution.
Recently, the Congressional Research Service estimated the cost of all of the major wars our country has fought in 2008 dollars. The chart above shows that the entire cost of WWII over four to five years was less than half the current pledges made by Paulson and Bernanke in the last three months!»